O Cliente que Queria Faturar 90 mil (e o erro que me custou o contrato)

Tempo de leitura: 13 minutos

Perdi um cliente. E por mais que essa frase ainda soe pesada para quem trabalha com marketing e performance, hoje eu a enxergo como um ponto de virada. Foi um daqueles casos que deixam cicatriz, mas também deixam sabedoria. O tipo de experiência que ensina o que nenhum curso, planilha ou dashboard consegue mostrar: que resultado não é sobre tráfego, é sobre maturidade.

O fracasso é apenas a oportunidade de começar de novo, desta vez de forma mais inteligente.” – Henry Ford

Esse cliente chegou até nós com um discurso direto: queria escalar o faturamento do e-commerce, que naquele momento girava em torno de R$ 35 mil por mês. O plano dele era simples, pelo menos no papel: sair de R$ 35 mil para R$ 60 mil em um mês e, logo em seguida, saltar de R$ 60 mil para R$ 90 mil no mês seguinte.

Uma meta ambiciosa, mas totalmente desconectada da estrutura que o negócio tinha naquele momento.

Nada de muito grave, mas o tipo de detalhe que separa empresas que evoluem das que imploram por milagre. Faltavam ajustes simples, mas fundamentais: páginas sem provas sociais, descrições frias e genéricas, banners desatualizados, kits estratégicos que nunca saíram do papel e um site que não comunicava os benefícios do produto. Tudo isso foi diagnosticado, documentado e enviado com orientações claras.

Mas nada foi implementado.

E, ainda assim, a expectativa era de que o tráfego pago resolvesse tudo.

Quando o tráfego vira bode expiatório

O mês começou com investimento em mídia, campanhas ativas e segmentações ajustadas. O time estava acompanhando métricas, testando criativos, otimizando CPCs. Tudo dentro do que se espera de uma operação de performance. Mas, na outra ponta, os produtos mais vendidos estavam fora de estoque durante quase todo o período. O site seguia igual e nenhuma das sugestões de melhoria havia sido aplicada.

Nada mata um bom produto mais rápido do que uma má execução.” – Sam Walton

No fim do mês, o resultado foi previsível: queda de faturamento. E a justificativa do cliente também: “o tráfego não está performando”.

É curioso como essa frase se repete em tantos negócios. Como se o tráfego fosse uma entidade mística, capaz de transformar uma estrutura fraca em uma máquina de vendas. É nesse ponto que muitos empreendedores perdem o rumo. Eles confundem mídia com modelo.

Tráfego não cria desejo. Tráfego amplifica o que já existe. E se o que existe é confuso, inconsistente ou mal executado, a mídia só acelera a queda.

O contexto invisível dos resultados

A maior ilusão do marketing digital é acreditar que resultado se resume a botão, orçamento e público-alvo. Mas a performance verdadeira nasce do alinhamento entre proposta de valor, experiência de compra e execução consistente. O gestor pode entregar tráfego qualificado, mas se o cliente não tiver produto, estrutura e narrativa, nada acontece.

No caso desse cliente, o gargalo não estava nas campanhas e sim na base. A página de produto não despertava interesse, o storytelling estava ausente e o produto, que tinha potencial de gerar desejo, era tratado como uma simples ficha técnica. Mas o problema ia muito além do site.

O grupo VIP, que poderia fortalecer a recompra e gerar prova social, nunca saiu do papel. As estratégias de orgânico foram deixadas de lado. Os criativos quase nunca ficavam prontos a tempo. As ações comerciais que deveriam impulsionar as vendas não eram executadas dentro do cronograma. E várias outras melhorias simples no site permaneciam paradas.

O funil tinha vazamentos por todos os lados, e nenhum deles estava no tráfego.

Mesmo assim, a meta continuava a mesma: faturar 90 mil. É como tentar encher um balde furado aumentando a pressão da mangueira.

Sistemas vencem metas.” – James Clear

O detalhe é que não se tratava de uma meta isolada. O objetivo era criar uma sequência de saltos mensais, uma escada de crescimento acelerado sem qualquer ajuste operacional. A ideia de ir de R$ 35 mil para R$ 60 mil e depois para R$ 90 mil parecia empolgante na teoria, mas o negócio ainda patinava em pontos básicos: estoque limitado, páginas sem prova social e nenhuma melhoria na experiência de compra. No papel, era um plano ousado. Na prática, era uma curva de crescimento que o negócio não tinha estrutura para sustentar.

Para piorar, quando analisamos o histórico de vendas, o melhor mês do negócio havia sido no ano anterior, durante a Black Friday, com um pico de 55 mil reais de faturamento. E mesmo naquele cenário, o resultado não se sustentou. Esperar o mesmo salto fora de uma data sazonal era, no mínimo, descolado da realidade.

A anatomia de um fracasso previsível

Quando analisamos friamente, os sinais estavam todos lá:

  1. Metas desalinhadas com a realidade do negócio. Crescer quase três vezes em dois meses sem ajustes estruturais não é estratégia, é fantasia.
  2. Falta de execução básica. As recomendações enviadas nunca saíram do papel. Nem a copy das descrições, nem os kits de produto, nem as atualizações do site.
  3. Problemas operacionais ignorados. Faltou estoque nos principais produtos durante quase todo o mês. E, sem produto, não há venda.
  4. Comunicação desconectada das campanhas. Enquanto os anúncios falavam de benefícios e diferenciais, o site entregava uma experiência morna, sem continuidade de narrativa.
  5. Ausência de visão de funil. O foco estava apenas no topo, em atrair, mas nada foi feito para reter, nutrir ou recompensar o cliente.

Nada disso é incomum. O que destrói resultados em e-commerces não são os grandes erros, e sim os pequenos detalhes ignorados diariamente. E, quando a operação não enxerga esses pontos, sobra para o tráfego carregar sozinho a responsabilidade por tudo.

Planejar sem executar é sonhar. Executar sem planejar é desperdiçar.” – Sun Tzu

A raiz do problema: a mentalidade do atalho

O que mais me marcou nesse caso não foi a perda em si, mas a mentalidade por trás dela. Existe uma crença muito comum entre empreendedores: a de que o crescimento é uma questão de investimento, e não de estrutura. Que basta colocar mais dinheiro na mídia e esperar que o faturamento dobre.

É o pensamento do atalho. A lógica de que existe uma campanha perfeita, um criativo mágico, um público inexplorado que resolverá tudo. Só que, no jogo real, o que move o resultado é consistência. É processo. É execução.

Não existe atalho para quem quer construir algo que dure.” – Jeff Bezos

Essa mentalidade imediatista não surge do nada. Ela é alimentada por uma indústria inteira de promessas fáceis, que vende a ideia de crescimento exponencial em 30 dias. Mas negócios reais não se comportam como lançamentos relâmpago. Eles exigem rotina, base sólida e uma relação honesta entre expectativa e entrega.

Quando um empreendedor não entende isso, ele terceiriza a responsabilidade. E, quando terceiriza, ele paralisa. O tráfego vira desculpa, não ferramenta.

O papel do gestor de tráfego que pensa como estrategista

Esse episódio me fez repensar o papel do gestor de tráfego dentro de um e-commerce. Por muito tempo, o mercado colocou o gestor como um executor técnico: alguém que sobe campanhas, acompanha métricas e otimiza anúncios. Mas o verdadeiro valor está além disso.

O gestor de tráfego precisa pensar como estrategista. Ele precisa olhar para o negócio como um organismo vivo, com gargalos, oportunidades e limitações. Precisa entender que tráfego é apenas uma das alavancas, e que o resultado depende da harmonia entre produto, comunicação e operação.

Um bom gestor não otimiza campanhas. Ele otimiza o negócio.” – Marlon Gusmão

Em muitos casos, o trabalho mais valioso não é aumentar o orçamento, e sim ajudar o cliente a ajustar a base. Às vezes, o melhor investimento é revisar as páginas de produto, melhorar o checkout ou criar um sistema de recompra. O tráfego só potencializa aquilo que já está funcionando.

E, se nada está funcionando, o tráfego precisa esperar.

Quando dizer não é a forma mais ética de trabalhar

Há uma linha tênue entre atender expectativas e alimentar ilusões. Como profissionais, precisamos reconhecer quando o cliente ainda não está pronto para escalar. Dizer “não” a uma meta incoerente é, muitas vezes, o gesto mais honesto que podemos ter.

Dizer ‘não’ muitas vezes é o maior ato de respeito profissional.” – Seth Godin

Eu poderia ter seguido fingindo que o problema era técnico. Poderia ter prometido ajustes mágicos de campanha. Poderia ter mantido o contrato por mais alguns meses. Mas nada disso mudaria o fato de que o negócio não estava preparado.

No fim, o cliente saiu. E, com ele, veio a clareza: não é meu papel sustentar uma estratégia que ignora a base. O verdadeiro profissional de performance não é aquele que promete resultados impossíveis, mas aquele que defende a coerência do processo.

O dilema do resultado rápido

Existe uma tensão constante entre resultado e tempo. De um lado, o empreendedor precisa de caixa, de retorno, de movimento. Do outro, a realidade impõe ciclos. E-commerce é um jogo de maturação: produto, tráfego e operação precisam caminhar juntos, em ritmo sustentável.

A pressa é inimiga da previsibilidade. Crescer rápido demais sem estrutura é como construir um prédio de 20 andares sobre uma fundação feita para cinco. No início, parece que está dando certo, até que tudo começa a rachar.

Crescimento sustentável é sempre mais lento do que o ego gostaria.” – Morgan Housel

O problema é que poucos estão dispostos a investir tempo na fundação. É menos glamouroso, menos visível e exige paciência. Mas é ali que o verdadeiro resultado nasce.

Tráfego pago é o acelerador, não o motor. O motor é a estrutura: produto, oferta, narrativa e operação.

O que realmente aprendi com tudo isso

Depois desse caso, comecei a fazer uma mudança simples em todo diagnóstico inicial: antes de falar de verba, eu falo de prontidão. Antes de planejar crescimento, eu avalio o quanto o negócio está preparado para sustentar esse crescimento.

Hoje eu uso três perguntas que se tornaram quase um filtro:

  1. O produto tem demanda real e diferenciação clara?
  2. A operação está pronta para crescer sem colapsar?
  3. A comunicação reflete o valor que o produto realmente entrega?

Se uma dessas respostas for “não”, o foco precisa ser outro. É preciso primeiro arrumar a base. Porque investir em tráfego antes de ter estrutura é como tentar dirigir um carro de corrida sem calibrar os pneus.

Assuma responsabilidade por tudo o que acontece com você.” – Jocko Willink

Esse aprendizado também me mostrou algo mais profundo: que maturidade em negócios é a capacidade de encarar a verdade sem terceirizar a culpa. Todo negócio que cresce tem algo em comum, dono que assume responsabilidade. Que entende que o gestor de tráfego é um parceiro de crescimento, não um salvador.

A importância da execução (e da paciência)

Execução é o elo perdido entre estratégia e resultado. É o que separa o plano bonito do faturamento real. E, no fim, é isso que destrói ou multiplica resultados em e-commerces.

Ideias são fáceis, execução é tudo.” – John Doerr

No caso desse cliente, a ausência de execução foi o ponto central. As ideias estavam certas, o diagnóstico era preciso, mas nada aconteceu. Sem ação, estratégia é apenas teoria.

Empreendedores que crescem entendem que a repetição inteligente é o que constrói consistência. Que não existe campanha perfeita, mas um ciclo constante de teste, aprendizado e ajuste. Que cada melhoria, por menor que pareça, tem um impacto acumulativo ao longo do tempo.

E o tempo é o ativo mais negligenciado do marketing.

Tráfego como reflexo da empresa

No fundo, o tráfego é um espelho. Ele reflete o que o negócio é, não o que ele deseja ser. Se a empresa tem clareza de posicionamento, consistência de produto e comunicação alinhada, o tráfego amplifica. Mas, se há ruído, desorganização e falta de processo, ele apenas escancara o que já estava escondido.

A propaganda é um espelho, não uma máscara.” – David Ogilvy

Muitos enxergam o tráfego como um canal de aquisição. Eu o vejo como um termômetro de maturidade. Ele mostra, com brutal honestidade, o quanto o negócio é eficiente em transformar atenção em receita. E quando o resultado não vem, a pergunta não deve ser “o que há de errado com a campanha?”, mas “onde estamos perdendo energia dentro do processo?”.

Perder para entender o que realmente importa

Perder esse cliente doeu. É impossível negar. Mas, olhando em retrospectiva, foi uma das experiências mais valiosas que tive como profissional. Porque ela me ensinou a diferença entre trabalhar para um cliente e trabalhar pelo cliente.

Trabalhar para o cliente é fazer o que ele pede, mesmo que não faça sentido. Trabalhar pelo cliente é defender o que é certo, mesmo que isso custe a relação. É ter coragem de dizer o que precisa ser dito: que o tráfego não é a solução, é o amplificador.

Desde então, deixei de buscar aprovação e passei a buscar coerência. Passei a valorizar clientes que querem entender o processo, não apenas cobrar o resultado. Porque são esses que realmente crescem. E são esses os parceiros que constroem histórias sólidas no digital.

Conclusão: o que o tráfego não ensina, mas revela

Tráfego não salva negócio desajustado. Ele só mostra o quanto você precisa ajustar para começar a vender de verdade. Ele revela gargalos, evidencia fraquezas e expõe o que estava sendo escondido pela rotina.

E talvez esse seja o maior aprendizado de todos: o tráfego não é sobre trazer mais gente para a loja. É sobre tornar a loja merecedora da atenção que recebe.

Afinal, crescer não é gastar mais. É vender melhor.

E, para vender melhor, é preciso ter coragem de encarar o que precisa mudar, mesmo que isso signifique perder um cliente pelo caminho.

A excelência é um hábito, não um evento.” – Aristóteles

Se esse texto fez sentido pra você, inscreva-se para receber conteúdos exclusivos sobre performance, estratégia e maturidade em negócios digitais… sem atalhos, sem promessas, só o que realmente funciona.

Pra quem quer escalar resultados com consistência e visão estratégica

Entre para nossa lista e receba gratuitamente, antes de todo mundo, meus aprendizados reais sobre tráfego, performance e crescimento. conteúdos exclusivos e com prioridade

Fique tranquilo, seu e-mail está completamente SEGURO conosco!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *